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7 de dez. de 2009



Há tempos que não dou um sorriso de verdade, uma risada gostosa, daquelas que não sobram nenhuma ponta sequer de amargura.
De onde tiram, algumas pessoas, aquela fome inesgotável de vida, como conseguem manter o brilho luminoso no olhar, dia após dia, lutando contra a morte, como os insetos efêmeros?
Quando penso nisso, em determinados momentos como esse, honestamente não encontro sentido em nada. Nem no sol que brilha, no ar ou na terra ou abaixo dela. Nem no cara que está cortando grama em frente a minha janela. Ou na correria louca da gente, do trânsito, do sexo, dos sentidos.
Não existe nexo, pois não sabemos onde começa nem onde termina; o porquê ou o como. É só essa torcida ensandecida gritando na hora do gol. Morrendo logo depois, na esquina, sem ter descoberto o porquê veio e que diferença fez.
Que contribuição para a humanidade e a vida na Terra tem a nova tintura vermelhos vivos outono-inverno? Ou o pregão em Wall Street? E porque nos matamos de trabalhar em troca de papel sujo?
Quanta vida jogamos pelo ralo, pensando no futuro, maldizendo o passado, em dieta, na unha encravada, no umbigo, no próximo assalto, na puta da novela, na frente de uma tela.
Viver só de luz ou dentro de um barril: cínico como Diógenes ou lúdico como Chaves. Ou no Palácio de Buckingham. Num banco de praça arborizada e solitária, a algumas quadras daqui. Não importa. As questões são as mesmas, mas sem nenhuma múltipla escolha. Nenhuma das alternativas.
E lá vai ele, escorrendo, deslizando, rodopiando etílico, salgado e quente, até o fim, o tempo.

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