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28 de nov. de 2010

Miguel

Aquele nome entrou de repente pela garganta de uma forma que fiquei soluçando "Miguel, Miguel, Miguel" até baixinho mesmo, em qualquer hora/lugar do dia.
Era um nome tão sensorial que parecia que repetindo pudesse provar, deslizar sobre e me esparramar como calda quente por todo aquele ser.
Miguel falado, ouvido, respirado, digerido e escarrado estourava em bolhas pelas papilas e ecoava no meu travesseiro até de manhã.
Miguel nada sabia a esse respeito, apenas ficava ali, existindo. Não fazia idéia que já era mantra, sabor e cheiro. Já não podia mais ser decalcado das entranhas cavernosas, tubulares, recônditas e labirínticas da minha  garganta.
Miguel apenas me dava o prazer de seu nome em minha língua.

*The Promenade, 1917 - Chagall

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