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25 de fev. de 2009

¿Hola, que tal?

Mafalda já não tinha mais forças nas pernas, aliás, tudo se esvaía, continuamente, como uma goteira em dia de chuva: força, sentidos, energia, paciência.
Seus olhos opacos observavam no espelho apenas um reflexo do que fora, não parecia que era ela própria a ver-se. Os moucos ouvidos captavam apenas o final das frases nas conversas, então, os lábios murchos sorriam, sem saber ao certo, se era apropriado, mas aprendera a vida toda a sorrir com doçura, nunca gargalhar, ou rir com escárnio ou devassidão. O jeito era sempre mudar de assunto, assim que se via perdida, coisa muito fácil e ninguém questiona, afinal, a vida é assim, cheia de novas notícias velhas.O chiado da sola da alpargata arrastando no assoalho altas horas da madrugada. Insônia, calor, pressão alta, mosquitos, hora do remédio. Xícaras de café com leite e almoços de domingo, solitários. Entretendo-se da trilha das formigas e previsões meteorológicas; não que as previsões importassem muito, tanto faz, nenhuma viagem ou passeio no litoral. Apenas uma informação, caso alguém pergunte as horas no ponto de ônibus. Dormir de tarde faz seu dia passar mais rápido, pena que as noites ficam mais longas e solitárias, como sua vida.
* "Las Viejas", Goya

Um comentário:

  1. Ei, Sheyla!

    Muito obrigado por sua presença lá no meu blog! O seu é ótimo! Parabéns! Adorei a dica da música. De quem é? Quero procurar! Amei os textos que encontrei aqui. Voltarei sempre, pode acreditar!

    Um beijãooo.

    Pedro Antônio - A TORRE MÁGICA - www.atorremagica.blogspot.com

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