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25 de abr. de 2009

Mikail Ozbutiah Du Bôlsu


Autores são atores, livros são teatros.”
Wallace Stevens, via "O livro das citações"
de Eduardo Gianetti
Mikail era um sujeito apatetado, meio devagar das idéias, um tanto ingênuo, mas boa gente.
Mikail achava que as nuvens eram de algodão doce e que as pessoas gostavam dele, fraternalmente.
Mesmo sendo alvo de piadas, Mikail sorria junto, um sorriso franco, não via como insultos, isso era inconcebível ao seu espírito capuchinho.
Fazia e dizia coisas esquecidas pela maioria das pessoas, inclusive as mais antigas, frases bondosas e atitudes de respeito, todas essas coisas em desuso.
Talvez por isso, não entendeu quando, numa tarde de outono, enquanto alimentava alguns pombos, foi assaltado.
Os ladrões acharam que ele estivesse de gozação ou ganhando tempo para se armar. Então, com essa idéia passando queimando pela mente, o mais novo do bando sacou a arma primeiro e disparou três tiros certeiros, fulminantes. Ninguém tirava onda com ele, isso não!
Pegou o relógio e olhou rápido no bolso de Mikail, mas só havia uma flor morta e desbotada.
(Imagem: fotolog.aliceumbrella)

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