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18 de mai. de 2009

Ars Moriendi


A velha caminhava na rua, sozinha, com os pãezinhos e o leite para o café da manhã. Não reparou no desnível e bateu com o bico do pé, batendo com a cabeça na laje. Leite e sangue misturaram-se na calçada.
Valdomiro assistia futebol e roia um pedaço de frango à passarinho. O osso trancou na garganta: morreu sufocado na hora do gol.
Regina passeava com seu vestido novo num domingo de verão. Tiroteio na esquina, correria, gritos. Ela sentiu o tiro seco atravessar seu peito, sujando o vestido.
O aposentado tomou coragem e entrou na farmácia. Saiu satisfeito, virando a esquina e entrando no puteiro. Pagou a primeira rapariga que viu e pediu completo. Morreu de ataque cardíaco, sorrindo de pau duro.
Pedro e Letícia estavam felizes e beberam demais. O carro entrou debaixo de um caminhão na contramão e morreram dormindo.
A jovem mãe exausta de noites em claro cai num sono profundo e acorda apenas para saber que dormiu sobre o recém-nascido.
Sônia tem um ataque de tosse e decide ir ao banheiro na hora da decolagem: lesão medular, nunca mais poderá andar.
E viver é preciso.


Música: http://www.youtube.com/watch?v=8v9yUVgrmPY

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