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21 de mar. de 2010

Gatos

Era ainda madrugada, e acordei com o miado de um gato. Não era muito alto, mas intermitente. Permaneci com os olhos fechados, aguardando os segundos para ser levada pelo sono, mas, um outro miado se uniu àquele. Esse, um pouco mais forte, mais rouco, desafinado. Logo, um terceiro miava entrecortadamente, e um após outro, unindo num coro que cresceu até se tornar impossível dormir novamente. Havia, entre eles, um miado mais forte, mais gutural e aterrorizante, que se destacava como em eco, a cada estrofe, numa partitura enervante. Não conseguia sair da cama, as pernas não obedeciam e apenas os olhos percorriam o quarto na direção dada pelos ouvidos, que continuavam cobertos pelo edredon pesado. De repente, eles pararam. Assim, juntos, sem sinal de aviso ou em tom decrescente. Ouvia apenas ronronares e unhas ferindo madeiras. Tudo muito baixinho, devagar, sonolento. Dormi. Desde então, ouço seus lânguidos miados ferinos, todo o tempo, dentro da minha cabeça, em todos os lugares. Mas é na noite que eles preferem arranhar meu travesseiro.

Um comentário:

Tua vez, aproveite.