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24 de jun. de 2008

Aos donos da Verdade

O fanatismo, seja ele qual for, endurece o coração humano. Faz extinguir-se todo bom senso em relação ao próximo. Um pequeno número de homens não pode nunca querer dIrigir o resto da humanidade, como faria com uma carroça de cavalos. Desde tempos imemoriais, houve líderes, pessoas com um intelecto e voz de comando superior aos demais e isso fez com que conseguissem obediência cega.
Mas, tenham piedade, como podem fazer com que pobres criaturas os sigam, sendo que, absolutamente, não se tem certeza nem mesmo da existência de Deus? Como podem fazer com que pessoas, na sua maioria, sem informação, cultura ou senso crítico, acatem suas palavras como ditas pelo próprio "Ser Onipotente"? Como podem enganar e manipular dessa maneira?
As suas palavras, escritas ou faladas, têm um caloroso brilho de bondade e reconforto, totalmente etéreo, que acariciam as pessoas necessitadas de afeto e compreensão. Porém, são facas de dois gumes que, depois de auxiliar, ferem e exigem a própria alma como resgate pela lágrima compartilhada.
Pensem: se Deus realmente é uma entidade, deve sentir repulsa por todas as arbitrariedades estúpidas e escravizadoras cometidas ao longo dos séculos. E se Jesus realmente viveu entre nós, decerto foi uma pessoa de mente clara, que não possuía as mesmas viseiras cavalares de seus contemporâneos; embora se saiba que tenham deturpado muito de sua história, em relatos duvidosos, escritos até quarenta anos após a sua morte. Jesus nunca exigiu nada de seus ouvintes que não fosse: "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
Como se pode pensar que se possui a "verdade"? "Quid est veritas"?*
Fazendo uma viagem pelo mundo, nas diversas crenças orientais e primitivas, o que se pode dizer é que se trata de um inefável encontro com o "Irradiador da Luz", o "Criador", "Deus", por assim dizer. No Ocidente, com algumas variações de acordo com o fundador, além de ajudar monetariamente a sua permanência, não passa de discussões infrutíferas sobre quem vai para o céu, sobre as chamas do inferno, ou sobre a vida eterna num paraíso de delícias.
Contudo, o que fazem, realmente, todas essas instituições filantrópicas, para ajudar? Divisões, desilusões e guerras. O que precisamos, meus amigos, é de lucidez, é ter amor ao próximo de forma pura. Não esperando ser recompensados; ajudar sem esperar nada, nem mesmo gratidão. Ajudar porque é preciso, urgente e humano. Contribuímos para o armamento bélico-nuclear a cada vez que compramos pão e leite na padaria, quando vamos ao alfaiate, cabeleireiro, com nossos impostos. Não há como escapar da sordidez humana. Então, por favor, não contribuam mais com isso. Temos o direito e o dever de buscar verdades dentro de nós mesmos, encararmos nossos defeitos mais perversos. E o coração limpo é o melhor caminho. Não precisamos de muletas para isso. Deixem que curemos nossas próprias feridas.

*Do latim: "O que é a Verdade?"

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