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25 de jun. de 2008

Roraima

Talvez ainda escreva um ensaio sobre a importância artístico-criativa de lavar louça. Calma, já explico: não quero provocar calorosas discussões feministas; tampouco argumentos machistas. O que me refiro é que as idéias fluem melhor quando executo esta tarefa tão monótona e indispensável.
Pois foi com esta fluidez que me peguei a pensar em nosso país. O nome "Brasil" nos evoca um continente de imagens, nem todas belas, algumas até mesmo bem deprimentes, como são o caso do incêndio em Roraima.
O fogo devastador e a inércia de nosso governo e defesa militar. A total irresponsabilidade e ausência de ação, fizeram com que chegasse a conclusões bastante duvidosas a esse respeito. Parece até uma conivência, um tratado feito às escondidas, com objetivos políticos bem definidos.
Lembrei-me, então, da grande maioria do nosso povo que, sem acesso à escola, é constantemente bombardeado pela cultura estrangeira dos olhos ao estômago. E finalmente, o que me deixou mais estarrecida, foi escutar de uma cidadã brasileira em pesquisa de rua, que concordava com a entrega da floresta Amazônica à nação mais competente, finalizando sua opinião com um infeliz "all right?". Que nosso país é pessimamente administrado, todo o mundo já sabe. O que não se explica, é que , mesmo repleto de profissionais excelentes de diversas áreas, que poderiam estar pesquisando, fazendo descobertas científicas importantes, inclusive na selva, não ‘aparecem’, e a nossa Amazônia, que se encontra em estágio de desmatamento e abandono, fica à mercê de interesses egoístas.
Deste incidente, conclui-se a quantas anda o trabalho de lavagem cerebral. Quanto à moça da pesquisa, ainda não sabe, mas seu cérebro foi amputado e no lugar possui uma outra coisa, com código de barras e memória programável.
Para acabar, faço minha as palavras de um chefe seatle, dirigidas ao presidente dos Estados Unidos, em 1854:
"...Nossos mortos jamais esquecem da bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. Portanto, quando o grande chefe de Whashington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós."

* Texto de 1998, após um interminável incêndio em Roraima.

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