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10 de jul. de 2008

Assassinato

Nadava nas águas geladas do oceano ártico, num elegante ballet. De vez em quando, subia à superfície, para espiar. E nisso, era acompanhada pelas outras três, que juntas, formavam um grupo unido, familiar. Vagavam pelos mares livres, saltando e cantando lindamente, como sereias. E ela parecia mais feliz, era a mais nova do clã. E brincava com seu primeiro filhote. Ele estava aprendendo muitas coisas, apesar de lactente. Escondia-se na sombra das 4 toneladas de sua mãe.
As Orcinus Orca (latim: ‘baleia do mundo dos mortos’) são parte do resultado de mais de 50 milhões de anos de evolução. Uma luta desesperada da preservação da espécie. O nome foi dado por marinheiros espanhóis, do século XVIII, ao notar seu comportamento. As orcas são muito criativas e tremendamente cruéis em suas caçadas. É uma das trinta e cinco espécies da família dos golfinhos. E está no topo da cadeia alimentar oceânica.
E a luta da sobrevivência, continua. Além da poluição ambiental, que ela nem imaginava que estava exposta, a orca e seu filhote estavam se aproximando de um navio pesqueiro. E na sua natural ingenuidade, nadou em direção aos arpões cinzas e manchados de sangue coagulado.
A primeira estocada veio num estampido frio e metálico, acertando em cheio o filhote. A mãe orca, soltou muitos assobios e estalidos, e o restante do grupo juntou-se, tentando se organizar contra o inimigo aterrorizante, sem resultados. O vermelho alastrou-se pelas águas salgadas, e nos olhos da orca, acima das águas, refletiu-se o guindaste, que puxava o filhote, já inerte.
A ‘baleia assassina’, agora pairava sem destino, no meio das águas geladas, sentindo o motor da embarcação distanciar-se na imensidão marinha.
Enquanto isso, no baleeiro, homens portando facas, dividiam a carne para consumo, da que serviria para ração para gatos, vísceras para os fertilizantes e combinavam de retornar na manhã seguinte, para levar aquele belo exemplar, jovem e corajoso, para exibição em um aquário de museu.

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