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21 de ago. de 2008

As vacas suicidas do Itaimbezinho

"Há entre nós um abismo; tu o abriste, eu precipitei-me nele." (Herculano)


Dizem que as vacas que perambulam pelo Itaimbezinho, procurando pastos ainda mais verdes, despencam no abismo de mais de 500m do cânion. Há uma cerração forte apartir de uma certa hora, e elas, não enxergam o perigo, logo ali, algumas patas à frente, tão fascinadas pelo cheiro e cor daquele manjar dos deuses. Há também aí uma certa atração pelo perigo, pelo desconhecido, uma curiosidade nata que faz ir adiante. 'Talvez as gramas de lá sejam melhores que as daqui', regurgitam. Mesmo que em volta de si esteja repleto de alimento. E quedam num vôo solitário e quase invisível até descobrir que lá é bem diferente, não há gramas verdinhas e sim, um vácuo e infelizmente, não há como voltar atrás. Cair num precipício é irremediável. Mas, há um porém nisso tudo: se nenhuma delas tivesse a ousadia de querer encontrar novos pastos, como saberiam que há ali um precipício? Viver é ter consciência que a qualquer momento podemos encontrar um precipício. Podemos chegar até a beirada e olhar para baixo, sentindo a vertigem nas frontes. Ou deixar que aquele gênio maléfico que nos roça os ouvidos, nos convença à saltar. Só precisamos de pára-quedas.

Um comentário:

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