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1 de fev. de 2009

Bluebeard*



"Are you the right man for me?
Are you safe? are you my friend?
Or are you toxic for me?
Will you betray my confidence?"


Abraçava o travesseiro de noite, como se fosse o abraço dele, bem forte e quente. Pelas ruas, via casais de namorados mas nenhum, se comparava a eles. Ninguém beijava com aquela intensidade, ninguém tinha aquele amor que ela sentia e doava. Todas as palavras que ele dizia, todos os sorrisos, as interjeições e suspiros, ela conhecia tão bem e desejava cada um deles, todos os dias, mesmo que fossem tão iguais. Par algum era tão ímpar e em toda a história da humanidade, dava as mãos com tanta entrega e prazer como eles, quiçá na literatura, talvez Romeu e Julieta se assemelhassem na raridade, mas não na cor, na forma, no desejo. Jamais trânsitos e olhares foram suspensos daquele jeito. O próprio ar já não era mais o mesmo e sem ele, tudo não passava de um borrão no tempo e espaço. Só que nada disso era de fato. Só existira para ela, dentro dela, que queria tanto que tudo isso fosse verdade.

* Le Barbe-Bleue, conto de Charles Perraut de 1698, sobre um rico aristocrata, assustador por ser muito feio, com uma horrível barba azul. Ele já havia se casado três vezes, mas ninguém sabia o que tinha acontecido com as esposas, que desapareceram.

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