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3 de abr. de 2009

Deslocado

Noite. Céu estrelado. Numa estrada qualquer.
- Olha essa lua!
- Sim.
- Parece aquela noite em que te pedi em namoro.
- É. E trincou meu dente incisivo, quando pegou meu chiclete. Bem, apesar de caro, o conserto prestou, tenho até hoje.
- Noite muito agradável. Podíamos até acampar aqui, ali próximo àquelas pedras e árvores.
- Nem pensar! Igual àquela vez que tu inventaste de acamparmos em Três Coroas e não tínhamos repelente. Fiquei toda embolotada, bah, alergia é meu segundo nome...
- É verdade, amor, lembrei daquela vez que a gente viajou pra São Paulo e tu quiseste jantar num restaurante indiano, ficou toda vermelha e espirrando sem parar. Lembra? Acho que foi em 2003, foi uma ótima viagem!
- Lembro. Mas isso foi em 2002. Em 2003, tu estavas ainda no exterior e me deixaste esperando no aeroporto, em pleno Natal, pois mandaste e-mail com data errada.
- Tu ficas muito bonita com essa luz refletindo no teu rosto.
- Que bom que reparaste! É meu ângulo melhor. Lembra daquelas fotos da lua de mel? Pois tu fotografaste todas, sem exceção, o meu pior ângulo.
- Que bobagem, amor, tu és perfeita.
- Não sou não! Tu que és míope! Faça o favor de passar logo esse mapa rodoviário pra cá que eu já estou começando a me pelar de medo dessa estrada escura e deserta. Só tu mesmo né, vou te contar...
Noite. Céu fechado. Numa estrada qualquer e apenas o cricrilar dos grilos.

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