Juntou as mãos e as torceu lentamente, ouvindo as bolhas estourarem, possivelmente lesando as articulações, uma a uma. Empurrou os óculos suados entre os olhos e começou a digitar.
Sentou no último vagão e foi abrindo as pernas, lentamente. Àquela hora era a melhor: cedo, vazio, frio, nebuloso demais; apenas os trabalhadores noturnos, os melhores.
Hic et nunc. O rent a cop a comeu como uma marmita fornida. Desceram na última estação e terminaram tudo embaixo do viaduto, onde ele se despediu com um safanão seguido de cuspe na vadia.
E agora, ela notava, a escuridão desaparecera e o sol rasgava o dia, com todo vigor, o movimento aumentava, as buzinas, sirenes, apitos. O dia era uma fétida ejaculação.
Morava sozinha, comia sozinha, ria sozinha de todos eles, juízes viciados, advogados medíocres, viúvas estelionatárias, religiosos tarados.
Cento e cinqüenta palavras por minuto. Todas tão previsíveis, tão desnecessárias, descartáveis, como todos em volta, inclusive ela. Falava raramente. Preferia os gestos simples e universalmente compreensíveis.
No vestiário, usou um grampo para abrir o armário ao lado. A cadela tinha um Jean Patou, que ordinária! Tinha, do verbo se fudeu. Colocou o frasco rapidamente na bolsa e saiu o mais rápido possível.
De tarde, 20mg de Rivotril no café da mesa ao lado, numa lanchonete. Seguiu a moça pela calçada uns 50m até que a viu envergar um pouco a coluna e desabar em cima de uns sacos de lixo. O tombo mais bonito que já tinha assistido. O sangue brilhando sobre o saco plástico negro brilhando no sol a pino. Imagem digna de um Munch.
O elemento surpresa também era delicioso, como o caso da bomba peniana do caquético juiz da suprema corte. Enquanto a vítima se debulhava em lágrimas pelo assassinato do ente querido, ela sentia pulsar com cada vez mais energia a bomba sob as mãos trêmulas e o olhar embaçado do juiz.
Noite. Só acreditava nas pessoas a partir das 6 da tarde. Sem máscaras, sem uniformes, sem precisar encenar. Saía do Tribunal e umas quatro quadras depois, estava o prédio velho e com cheiro de mofo. Desceu do elevador e entrou na sala 107. Aroma de café e o telefone tocando. Três vezes por semana, era essa a rotina. Correu até o aparelho o mais depressa que pôde:
- Centro de Valorização a Vida, boa noite!
hehe! Baita texto Sheyla!
ResponderExcluirBj!
q bosta só conto de merda aqui um onte de palavra enchendo linguiça
ResponderExcluir1x1
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